terça-feira, 7 de setembro de 2010

XO, de Elliott Smith


Texto escrito especialmente para a coluna 'Aquele disco', do site VeiaPop.

Eu já gostei e ainda gosto de ouvir muita coisa. Mas a partir da adolescência, sempre houve um artista que ocupou o topo da minha preferência e lá ficou até eu descobrir algo novo que o superava. Assim, se tiver de contar da maneira mais abreviada possível a história de meus ídolos musicais, seria, começando aos 14 anos: The Cure, que foi sucedido por Legião Urbana, que foi sucedido por The Doors, que foi sucedido por The Smiths, que foi sucedido por Pixies, que foi sucedido por Radiohead, que foi sucedido por Elliott Smith, que aparentemente nunca será sucedido por ninguém. Desde 2000, quando descobri o cantor e compositor norte-americano morto há seis anos, nunca achei outro artista que me parecesse melhor que ele.

Então, quando o VeiaPop me convidou pra escrever sobre um só disco que marcou minha vida, achei que não seria muito difícil escolher. Pensei: “Vou pegar o melhor disco do Elliott Smith, o que tem o maior número de canções mais fodonas, e pronto”. Sabia que tinha de ser o ‘Either/Or’ ou o ‘XO’. Mas, putz, qual? O primeiro tem ‘Alameda’, ‘Beetween the bars’ e ‘Angeles’, três das minhas preferidas. Seria tão bom escolhê-lo só para falar da metáfora amorosa mais brilhante de que já tive notícia em uma música pop – a de ‘Beetween the bars’. Quando ele canta “I’ll kiss you again, between the bars”, o cara consegue não só descrever a situação do casal andando pela noite e enchendo a cara como mostrar que, de alguma forma, aquele amor é uma prisão, de um beijo entre as barras (ou grades). Brilhante!

Mas ‘XO’, o quarto disco de Elliott e que sucedeu o ‘Either/Or’, tem um conjunto de músicas muito matadoras: ‘Waltz #2’, ‘Pitseleh’, ‘Waltz #1’, ‘Oh well, okay’, ‘Everybody cares, everybody understands’, ‘I didn’t undestand’. Todas obras-primas de melodias encantadoras e letras destruidoras, dessas que te derrubam primeiro e depois fazem você renascer. Que poder é esse que as belas baladas que apresentam a solidão da forma mais crua têm de oferecer alento a quem as ouve?

Morrissey disse certa vez que fazia aquelas letras tristes que recheavam os álbuns dos Smiths para que as pessoas soubessem que não estavam sozinhas, que havia outros que se sentiam como elas. Não acredito que Elliott Smith dissesse algo do tipo. Ele parecia ser muito modesto sobre seu processo criativo e sobre a importância que sua música podia ter. No entanto, essas seis canções que destaquei de ‘XO’ têm a incrível capacidade de me fazer companhia, de me fazer sentir, de alguma forma, conectado com a humanidade. E, estranhamente, mesmo que apresentem um estado de melancolia que reconheço em mim mesmo, têm o poder de me deixar mais feliz.

Então, se fosse obrigado a levar um só CD para a tal ilha deserta, seria ‘XO’, de Elliott Smith, lançado em 1998. Às vezes ouviria de cabo a rabo, de ‘Sweet adeline’ a ‘I didn’t understand’. Mas às vezes escolheria só uma faixa para ficar ali, no repeat, exaustivamente, como faço tantas vezes ainda hoje, descobrindo novos significados para a letra e sendo possuído pela melodia.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mais sobre o show do Velvet

A Alê dos Santos publicou um simpático post sobre o show que fizemos no Velvet Pub, durante a Noite Senhor F, na semana passada. Para ler, é só ir até o blog dela, o My favorite way, cheio de notícias sobre música independente. Ela também disponibilizou umas fotos legais no flickr.