sexta-feira, 27 de março de 2009

Um pouco sobre Milk e os gays

Eu já havia achado, assistindo à cerimônia do Oscar 2009, o discurso do roteirista Dustin Lance Black, premiado por 'Milk', o mais bonito da noite. Pela carga confessional e emotiva, de longe mais relevante que o de Sean Penn, por sinal também muito bom. Mas uma notícia que li no Correio Braziliense no domingo passado fez com que eu passasse a valorizar ainda mais a fala de Dustin Lance e o filme que conta a história do ativista gay e político Harvey Milk (sobre a qual, admito, eu era totalmente ignorante).

A matéria do Correio mostrava que, no domingo que passou, a resolução do Conselho Federal de Psicologia do Brasil que proíbe terapeutas de tratar a homossexualidade como doença, oferencendo "cura" aos pacientes, completou 10 anos. Ou seja, só a partir de março de 1999 passou a ser inaceitável que um psicólogo diga que pode fazer com que alguém deixe de ser gay. E, pasmem, a decisão foi pioneira no mundo, sendo seguida depois pelos conselhos de outros países.

Se até psicólogos podiam tentar "curar" os gays, o que esperar de pais que cresceram envoltos em medo e precoceito? Me dar conta disso fez com que a coragem de Milk de dizer a tantos gays que não havia nada de errado com eles e que Deus os amava se tornasse ainda mais admirável. Assim como a história do jovem roteirista, que sonhava em levar às telas a história do homem que deu a ele esperanças de poder viver uma vida normal e feliz, em paz com sua orientação sexual.

Pra mim, Dustin Lance foi muito feliz quando inseriu no filme o personagem de um jovem adolescente que liga para Milk dizendo que seus pais pretendem interná-lo por ser gay. Milk então diz ao garoto que fuja de casa, procure amigos que o aceitem e não deixe que seus pais o tratem como uma aberração. O garoto diz então que não pode fugir. A câmera se afasta e descobrimos que ele é cadeirante. Temos ali um símbolo de todos nós, que podemos nos paralisar frente ao medo de enfrentar um mundo que nos quer oprimir, seja por qual motivo for.

Muito provavelmente, Dustin se sentiu alguma vez na vida limitado como aquele personagem. Todos nós já nos sentimos assim. Mas, belamente, o adolescente aparece mais uma vez no filme para nos mostrar que essas barreiras -- externas e internas -- são superáveis. (Re)vejam o discurso de Dustin. Vale a pena.

Abraços.

sexta-feira, 20 de março de 2009

"O" show

Indo pra São Paulo amanhã, ver show do Radiohead no domingo! Hoje saiu uma matéria no Correio Braziliense da qual participei. Confiram abaixo. Abraços!

Agonia e êxtase

Tiago Faria e
Daniela Paiva

Da equipe do Correio

Nas entrelinhas de cada um dos álbuns do Radiohead, uma mensagem subliminar alerta os fãs: espere pelo imprevisível. O talento para se reinventar é a força vital de uma das bandas de rock mais inventivas — e surpreendentes — de que se tem notícia. Por isso mesmo, que ninguém se apresse a especular sobre o formato do show que os ingleses apresentam este fim de semana no Brasil — hoje à noite no Rio de Janeiro e domingo em São Paulo. No México, há uma semana, o quinteto deu provas de simpatia e bom humor ao resgatar hits como Creep e My iron lung. Em entrevista ao Fantástico, o guitarrista Ed O’Brien listou semelhanças entre a obra-prima Ok computer, de 1997, e a poesia melancólica da bossa nova de João Gilberto. Alguma coisa está fora da ordem?

Felizmente, não. Desde o início dos anos 1990, as guinadas criativas da banda de Oxford foram recebidas com misto de espanto e excitação. Se a estreia Pablo honey (1993) soava como uma resposta inglesa para a catarse do grunge de Seattle, The bends (1995) desfiava versos ainda mais doloridos, espelhos para as tensões do fim do milênio. Mas a grande virada chegaria dois anos depois, com o cultuado Ok computer. A segurança conquistada por sucessos como High and dry e Fake plastic trees permitiu uma ousada fusão de elementos de rock e eletrônica, que seria aprofundada no minimalista Kid A (2000). Entre o jazz e o pop, e depois de Amnesiac (2001) e Hail to the thief (2003), o Radiohead encontraria o calor da sensualidade no recente In rainbows, de 2007. Desde o começo, uma aventura sonora sem lugares-comuns.

Musicalmente, o Radiohead gerou filhotes como Coldplay, Elbow, Liars e Travis. Entretanto, provocou terremotos ainda mais barulhentos graças a uma atitude de integridade artística (o vocalista, Thom Yorke, prefere a reclusão ao status de celebridade) e à forma inteligente como confrontou uma decadente indústria fonográfica. Em 2007, deu o golpe de misericórdia ao lançar In rainbows via internet e com preço definido por cada fã. “Eles influenciaram uma geração inteira”, resume Beto Só, com ingresso comprado para o show de São Paulo.

O músico brasiliense admite ter bebido diretamente na sonoridade dos ídolos. “O que mais me atraiu neles foi a mistura de psicodelia com canções de apelo pop”, diz o compositor, que elege Ok computer como o favorito. “Eles sempre se renovam musicalmente e com isso acabam sugerindo caminhos e sonoridades novos, sem perder a sintonia com seu público”, observa. Para exemplificar essa postura desafiadora, Beto lembra da performance do Radiohead no Grammy Awards deste ano. “Enquanto o Coldplay fez uma apresentação-padrão, cantando junto com um rapper, o Radiohead veio com um arranjo novo para a música deles (15 step), com sopros e percussão”, compara.

Mesmo com diferenças sonoras, não são raros os fãs na cena brasiliense do rock e da eletrônica. “O Radiohead começou como uma banda comum de um sucesso só (Creep). Ninguém achava que passaria daquilo. Mas eles conseguiram criar uma sonoridade única de vanguarda, que se renova com os anos”, afirma o DJ Hopper, que reconhece a inspiração no tempo em que tocava no Low Dream, nos anos 1990. “Foi uma influência forte. Essa coisa de colocar suavidade e agressividade em uma música ao mesmo tempo”, lembra. Ok computer também ocupa o lugar mais alto da lista de preferidos do músico. “A experimentação deles com barulhos e música eletrônica, apesar de não ser novidade na época, foi bem diferente de tudo e acabou virando referência”, completa Rafael Monstro, guitarrista do Disco Alto.

Valor artístico
Para o DJ de rock Montana, que torce para ouvir Paranoid android e Reckoner no Brasil, a importância do Radiohead está no “valor artístico” dos álbuns. Na discografia, fica com The bends, o primeiro álbum deles que ouviu e comprou. “Na pista, geralmente toco Just e uma versão do The Twelves para Reckoner”, conta. Até quem não se diz fã, como Fábio Pop, do Club Silêncio, quer conferir a apresentação. “Decidi ir a esse show como fã de música. Acho que o Radiohead é a última das grandes bandas do século passado, depois do Nirvana. E a última das grandes bandas que surgiram, também”, explica.

O público brasileiro esperou 15 anos para assistir ao show do grupo, que terá abertura de Los Hermanos e Kraftwerk. Para compensar o atraso, eles prometem um set generoso, de mais de duas horas de duração, com faixas sacadas de todos os discos. A relação tumultuada com os palcos parece ter ficado no passado. Depois do sucesso de Ok computer, o Radiohead quase se separou durante a turnê Against demons, atormentado por pressões comerciais. A tempestade cedeu lugar a um período mais ameno, de independência e sutilezas. A angústia permanece afiada — mas a viagem ao Brasil promete cumprir expectativas dos fãs. O que não deixará de contar como surpresa.

terça-feira, 3 de março de 2009

No 'Cria da Cidade'

Amigos, convido vocês a assistirem uma pequena matéria comigo para a seção 'Cria da Cidade', produzida pelo jornalista Sérgio Maggio e que vai ao ar no site do Correio Braziliense e também na TV Brasília. Para assisitr, vá à parte de vídeos da página do Correio e procure o vídeo no dia 25 de fevereiro.

Reparem na camiseta do Elliott Smith! Presente da minha super-irmã, Rô. :-)

Abração!