terça-feira, 26 de agosto de 2008

Na Trama Virtual

A Trama Virtual publicou hoje uma entrevista comigo, falando do disco novo. Bem legal, o texto começa assim:

"Misturar temáticas adultas – aquelas que falam firme na cabeça de quem já passou dos vinte e pouquinhos – com música boa é raridade no Brasil.Veterano, Beto Só faz parte do reduzido grupo de artistas encarregados de enviar a nós as notícias, ou os sinais, desse mundo esquisito que se monta depois da euforia adolescente. Um mundo em que as festas tendem a ser substituídas por silêncios, crises e resoluções de vida".

Pra ler o resto, é só clicar aqui.

Disputa pela Casa Branca

Quando ainda rolavam as convenções democratas nas quais Hillary Clinton e Barack Obama disputavam a chance de concorrer à Casa Branca, eu assistia a tudo com a certeza de que aquilo pouco importava. O vencedor seria John McCain, eu jurava.

Fã de Morrissey, fui alertado, ainda na época do CD 'You are the Quarry', que os EUA são um país onde "o presidente nunca será negro, mulher ou gay", como o mestre canta em 'America is not the world'. Assim, para mim, Hillary e Obama estavam fora do páreo.

Mas aí a revista Blender pergunta aos dois principais candidatos à sucessão de George W. Bush quais suas 10 canções prediletas. A primeira na lista de McCain? 'Dancing Queen', do ABBA!

Morrissey não pode mais ser a base das minhas análises sobre as eleições americanas...

sábado, 16 de agosto de 2008

Pílulas (pequenos fatos dignos de nota)

Pagando a garagem em um shopping de Brasília, sou interrogado pelo simpático senhor que trabalha ali como caixa: "Você não é cantor?" Enquanto eu me perguntava se era mesmo comigo que ele falava, minha namorada, também espantada, diz: "É sim". E o senhor: "Eu andei lendo sobre você. Fiquei curioso para ouvir".

Nunca foi tão legal presentear alguém com um disco meu. :-)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

E se não formos mais do que já somos?

Um grande jornalista que tenho o prazer de conhecer me contou uma história bacana. Quando ele trabalhava como editor do caderno cultural de um jornal aqui de Brasília, foi ver um show de uma banda iniciante no Pamonhão Kalu, boteco da Asa Norte. Gostou das músicas e principalmente das letras. Depois do show, ficou impressionado com a erudição do vocalista, que na conversa citou até Kierkegaard. No dia seguinte, chegou à redação do jornal e anunciou: "Esta banda vai ser capa do caderno". Os seus superiores perguntaram se ele tinha certeza e, empolgado, disse que sim, que os caras mereciam. Quando o jornal saiu, figuras ainda mais bem colocadas na hierarquia da empresa jornalística acharam aquilo um absurdo. Capa para desconhecidos? O grande jornalista quase foi demitido. A chave de ouro para a história vem agora: os desconhecidos eram Renato Russo e sua trupe.

Essa história ouvi já faz algum tempo. E sempre me perguntei que lições tirar dela. Hoje, gosto de fazer perguntas a partir dela. É somente o fato de os desconhecidos terem feito sucesso que mostra que esse jornalista estava certo? Ou nosso herói continuaria tendo razão caso a Legião Urbana não tivesse se transformado naquilo tudo que virou?

O que quero dizer com as perguntas é: a qualidade de Renato Russo seria maior ou menor caso não tivesse feito sucesso? Claro que não. Nosso jornalista teria menos motivos de se orgulhar da aposta que fez em desconhecidos? Certamente a história não teria a graça que tem hoje, mas ele continuaria coberto de razão. Porque o jornalismo cultural, me parece, tem de falar do que é bom, e não se preocupar em acertar o que vai "dar certo". O jornalismo cultural tem de falar do que já é, e não listar as grandes "promessas".

Isso sempre foi assim. Mas essa percepção se torna muito mais urgente hoje em dia. A pulverização das fontes de informação, dos canais de música e das maneiras de se tocar uma carreira fez todo o modelo de consumo musical ruir. Isso já sabemos. Mas o velho vício de tratar artistas não famosos como artistas promissores, que podem estourar e serem grande coisa, ainda persiste. E daí, vem a pergunta fundamental: E se não nos tornarmos mais do que já somos?

Os canais independentes parecem permitir que tenhamos com os artistas uma relação totalmente nova. Eles poderão ser caras que valem a pena serem ouvidos, discutidos, criticados e debatidos mesmo sem chegarem às grandes massas. Num tempo em que o número de cópias vendidas para tornar um CD disco de ouro teve de ser abaixado para 34 mil, a diferença entre os grandes artistas e os independentes é cada vez menor. Por que, então, continuar tratando estes como promessas de um dia se tornarem aqueles? Sinceramente, não vejo motivos para isso. Acho que os independentes serão independentes e pronto. Não são uma promessa. São o que são.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Pílulas (pequenos fatos dignos de nota)

De um colega de jornalismo que há tempos não via: "Olha, vou ser sincero. Nunca gostei muito das suas músicas. Mas aquela 'Eu quero envelhecer' é boa mesmo".

NdoA: 'Eu quero envelhecer' é a única música que gravei que NÃO é minha. É do Watson.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Deu no Rock Press...

"Beto Só é um raro exemplo de cantor/compositor nacional, cheio de influências legais (que vão de Eliott Smith a Nei Lisboa) e com uma peculiar tendência de ser honesto no que canta. Suas letras e músicas são retratos de toda uma geração que vaga pelas cidades em busca de amor, paz e compreensão, artigos de luxo na modernidade vazia. Beto usa o instrumental de baixo, bateria, guitarra e teclados esparsos para emoldurar suas diatribes, como a sensacional 'O Tempo Contra Nós', lançada em single no ano passado, na qual ele diz 'corre o tempo contra nós, quase que perco você, o mundo tão veloz, tenta nos separar'. O disco está cheio de bons momentos e é um alento ouvir algo tão legal num tempo em que o pop rock brasileiro é tão raro quanto os sentimentos que Beto Só persegue. Ouça: 'O Tempo Contra Nós', 'Meu Velho Escort'."

> Hum, se não acredita, vai lá no site. Outras resenhas disponíveis