Vivo me alternando entre esses dois estados. Tem dia que acordo meio bravinho e resolvo falar mal de quem eu acho que merece. É nesses dias, geralmente, que dou uns tiros (sem muita chance de acertar) nos pés, falando mal de quem um dia, talvez, quem sabe, poderia me ajudar. Nessa, já meti o pau na MTV, no Multishow, nas gravadoras e por aí vai. Até o Philippe, meu patrão!, já resolvi alfinetar.
Daí tem dias em que eu acordo e acho que isso de ficar criticando é uma bobagem. Que eu devia mesmo era me dedicar só às palavras gentis. Falar bem do que eu gosto e deixar o que me incomoda pra lá. Minha vida seria mais tranqüila se eu fosse calminho o tempo inteiro. Meus textos seriam só sobre o aniversário de 95 anos da minha vó, do amor que sinto por Brasília, do quanto gosto do Superguidis e que queria ser Adriana Falcão e Frank Jorge. São textos legais, que deixam as pessoas mais felizes e emocionadas e me rendem umas mensagens carinhosas. E quem não gosta de carinho?
Mas não sei o que me dá. Tem dia em que eu vejo um negócio que acho feio e não consigo me segurar. “Está-me no sangue.” Venho aqui pro computador e tóin.
Agora estou na fase o mundo é belo. Como é gostoso. Por isso, quero só recomendar aos meus amigos o sorvete de iogurte com mel que tem no Dona Lenha da 201 sul. Acho que é a sobremesa mais barata do cardápio e é uma delícia. É exatamente o que promete, sorvete de iogurte adocicado pelo mel.
Também queria dizer que se um dia escrevesse um livro, queria que fosse tão legal quanto ‘O homem ou é tonto ou é mulher’, do português Gonçalo M. Tavares. É de lá que tirei o título deste texto. Quantos (e quais) livros preciso ler para escrever um bom desse jeito? Uns trechinhos para vocês se animarem a lê-lo, caso não o conheçam:
O amor é sacana.
Quando começamos a apanhar-lhe o ritmo, ele muda de ritmo.
É um palerma, o amor!
Ou é muito lento, ou é todo apressadinho.
E nós sempre com os mesmos pés.
O amor é um palerma!
***
Ontem construí um barco de pedra.
Não funcionou.
Dói meu ponto de vista, o oceano ainda não se encontra preparado para as grandes invenções.
Um barco de pedra é uma grande invenção.
A água não o percebeu assim, paciência.
Gosto de inventar coisas.
Principalmente coisas inúteis.
Por isso mesmo umas pessoas chamam-me poeta, outras
vagabundo.
Infelizmente são mais as pessoas que me chamam de vagabundo.
Mas tudo bem.
O mundo sempre foi assim.
Sempre houve maior número de idiotas do que de outras pessoas.
A isso chama-se multidão.
Se um tipo fica sem voz vem logo uma pá de gente
oferecer remédios para a garganta,
mas depois, quando começamos a falar, ninguém nos ouve.
Dão-nos remédios para a garganta e depois
pedem-nos silêncio.
Não me parece bem.
Ou não nos davam remédios,
ou deixavam-nos falar.
Enfim.
O mundo é isto.