Amigos, assistam ao belo filme 'A vida dos outros'. Assisti ontem e, confesso, chorei emocionado com o final do filme, que se resolve tão bem depois de dosar na medida certa suspense, ternura e uma reflexão sobre o papel do artista e da arte nas nossas vidas.
O filme, do alemão Florian Henckel von Donnersmarck, se passa na Berlim oriental, antes da queda do muro, e me fez pensar sobre a nossa necessidade de refletir, hoje, sobre tempos de opressão de um passado recente, sejam as ditaduras da América do Sul, sejam os regimes totalitários da Europa. Não acho que se trate apenas de uma espécie de alerta às novas gerações. Quando um filme se propõe a isso apenas, acaba sendo fraquinho.
Acho que sentimos a necessidade de voltarmos ao tema porque percebemos que ainda vivemos tempos opressores. A opressão mudou de forma, mas temos que lutar todos os dias para não acabarmos rendidos ao conformismo, à inércia, ao modelo estéril de uma vida medíocre, consumista e sem graça, que nos é mostrada cada vez mais como a única possibilidade para os que têm juízo.
Filmes como 'A vida dos outros', que nos transportam para um tempo em que a opressão era mais facilmente identificada, servem como uma metáfora de nossa condição atual. Qualquer artista contemporâneo com o mínimo de sensibilidade irá se identificar com as questões que aqueles escritores, dramaturgos e atores da alemanha oriental enfrentavam há duas décadas.
Um filme encorajador, que mostra, brilhantemente, que a rendição é o suicídio do artista. E que novos tempos sempre chegam.