Brasília é minha. É nossa, dos brasilienses – nascidos aqui ou não. Brasília é a minha história. Como já disse aqui antes, não existiria se não fosse Brasília. Por isso, pensar que ela poderia não ter sido criada me assusta profundamente.
Hoje, leio nos jornais que Oscar Niemeyer se diz surpreso com a polêmica em torno de seu projeto da Praça da Soberania, que, se construída, fará surgir no amplo gramado da Esplanada dos Ministérios um obelisco de mais de 100 metros de altura e um edifício para abrigar uma galeria dos presidentes da República.
Surpreso, estupefato até, fico eu ao reparar que o gênio não percebeu que, há algum tempo já, Brasília deixou de ser uma tela em branco (ou vermelha, como a terra que há aqui), para que o artista invente sem objeções. Suas invenções, por mais geniais que continuem sendo, hoje afeta pessoas, gente esquisita, única, singular – os tais brasilienses.
"Querem defender o monumento de seu próprio criador", alfineta o amigo de Niemeyer, Jayme Zettel, ex-presidente do Iphan, o órgão que, hoje sob nova direção, contesta a construção da praça. O monumento, senhor Zettel, essa criatura fascinante chamada Brasília, cresceu, ganhou vontade própria e, junto, o direito de espernear, brigar pelo que acredita ser o melhor para ela. E isso pode significar dizer não ao seu criador, sim.
A criatura ainda olha desconfiada para a imensa biblioteca vazia construída alguns anos atrás, capricho sem muita utilidade, pelo menos até agora. Mais um monumento na nossa paisagem? Pra quê? Será que queremos? Temos o direito de perguntar.
Brasília pode até decidir que quer a nova praça e daqui a alguns anos não conseguir se imaginar sem ela. Mas o que Brasília não pode, e que bom que não está fazendo isso, é aceitar que simplesmente a avisem que uma nova construção será erguida em seus gramados – sem discutir, sem entender bem do que se trata, sem opinar.
Brasília é minha, é nossa, dos brasilienses. Não é demais pedirmos para sermos ouvidos. Pois não é demais quando a criatura pede para exercer seu direito de seguir o próprio caminho, que pode ser diferente daquele imaginado por seu criador.
Niemeyer se diz em uma “trincheira”, apoiado por seus amigos. Deveria ansiar pelo apoio dos brasilienses, os únicos que podem dar legitimidade ao seu novo projeto.
Hoje, leio nos jornais que Oscar Niemeyer se diz surpreso com a polêmica em torno de seu projeto da Praça da Soberania, que, se construída, fará surgir no amplo gramado da Esplanada dos Ministérios um obelisco de mais de 100 metros de altura e um edifício para abrigar uma galeria dos presidentes da República.
Surpreso, estupefato até, fico eu ao reparar que o gênio não percebeu que, há algum tempo já, Brasília deixou de ser uma tela em branco (ou vermelha, como a terra que há aqui), para que o artista invente sem objeções. Suas invenções, por mais geniais que continuem sendo, hoje afeta pessoas, gente esquisita, única, singular – os tais brasilienses.
"Querem defender o monumento de seu próprio criador", alfineta o amigo de Niemeyer, Jayme Zettel, ex-presidente do Iphan, o órgão que, hoje sob nova direção, contesta a construção da praça. O monumento, senhor Zettel, essa criatura fascinante chamada Brasília, cresceu, ganhou vontade própria e, junto, o direito de espernear, brigar pelo que acredita ser o melhor para ela. E isso pode significar dizer não ao seu criador, sim.
A criatura ainda olha desconfiada para a imensa biblioteca vazia construída alguns anos atrás, capricho sem muita utilidade, pelo menos até agora. Mais um monumento na nossa paisagem? Pra quê? Será que queremos? Temos o direito de perguntar.
Brasília pode até decidir que quer a nova praça e daqui a alguns anos não conseguir se imaginar sem ela. Mas o que Brasília não pode, e que bom que não está fazendo isso, é aceitar que simplesmente a avisem que uma nova construção será erguida em seus gramados – sem discutir, sem entender bem do que se trata, sem opinar.
Brasília é minha, é nossa, dos brasilienses. Não é demais pedirmos para sermos ouvidos. Pois não é demais quando a criatura pede para exercer seu direito de seguir o próprio caminho, que pode ser diferente daquele imaginado por seu criador.
Niemeyer se diz em uma “trincheira”, apoiado por seus amigos. Deveria ansiar pelo apoio dos brasilienses, os únicos que podem dar legitimidade ao seu novo projeto.