sexta-feira, 8 de maio de 2009

'C_mpl_te', o segundo do Móveis

A primeira faixa de 'C_mpl_te', segundo disco dos Móveis Coloniais de Acaju, traz uma agradável sensação de que algo está diferente na banda brasiliense mais bem-sucedida dos anos 2000. 'Adeus' é uma terna e quase melancólica música sobre reencontros, curtinha para os padrões "moveininanos", com timbres atuais. Dessas que dá vontade de ouvir de novo. 

Ela, como percebemos na audição do CD, lançado pelo projeto Álbum Virtual, da Trama, destoa um pouco das outras 11 músicas do repertório. Mas a sensação que ela traz de que algo mudou não está errada. O Móveis continua Móveis, mas está melhor. Dizer que os caras passaram por um amadurecimento pode dar uma ideia errada do que eles fizeram nesse sucessor de 'Idem'. O termo mais correto talvez seja "polimento".

Em 'C_mpl_te', a banda consegue respeitar as composições, deixando as músicas surgirem sem tantas mudanças abruptas de ritmo, sem a colagem de diversas partes que faziam as faixas do CD anterior às vezes parecerem várias em uma só. O resultado é mais pop (o que é bom!) e serve para o Móveis dizer: "nós não somos apenas bons músicos, nós sabemos fazer canções". Exatamente o que a bela faixa de introdução nos diz: vem aí um disco de canções.

Algo me diz que essa escolha vai levar a banda mais longe, alcançando um público ainda maior. Músicas como 'O Tempo', com um refrão bem grudento (e que tem uma bateria maravilhosa e um bem-vindo piano mais aparente) e 'Falso retrato (u-hu)' ajudarão nesse caminho. Se há pecados nesse disco, talvez sejam dois: o novo arranjo de 'Sem palavras', já conhecida dos shows, no qual uma das linhas de metais mais emocionantes que a banda já criou aparece diluída (talvez porque remetesse a Los Hermanos -- mas era bonita de lascar...) e um excesso de felicidade. Mas que tipo de gente acha excesso de felicidade defeito? Deve ser alguém bem sozinho...