terça-feira, 17 de julho de 2007

Crítica - 'Dias mais tranqüilos'

Blog De Inverno - 09/04/2008

Mais um grande disco de um ano que tem nos brindando com grandes discos até aqui. To falando de "Dias mais tranquilos", do Beto Só, de Brasília, que tá saindo essa semana com exclusividade em formato virtual pelo My Space Brasil, e em seguida, em CD pelo Senhor F Discos. Já sou fã do trabalho do Beto Só desde o primeiro disco, Lançando Sinais, que é um dos mais rodados na vitrolinha aqui de casa. Gosto do jeito dele cantar, das letras singelas, dos arranjos bem resolvidos, das melodias melancólicas e ternas. Em meu mundo ideal, é o tipo de som que tocaria nas FMs e embalaria o casalzinho adolescente da novela das sete. Mas enfim, isso não vem ao caso. O fato é que o novo disco do cara tá ainda melhor, canções fudidamente belas, arranjos perfeitos, capitaneados pelo Ju, guitarrista e irmão do Beto, que conheci quando ele veio pra cá a primeira vez tocar com o Phonopop, em um show que produzimos ali no finado Vintage, com abertura do Sofia. Deve ter sido lá por 2001/2002 isso, não sei exatamente. Mas enfim. O Beto Só faz música daquele jeito que eu gosto, ou seja, absolutamente despreocupado se o que tá rolando é newelectropósgrimesheetandfucking sei lá o que. Simplesmente boas canções, boas melodias, boas letras. Parece meio óbvio, mas é que isso me parece cada vez tão mais raro que quando se encontra é motivo de celebração. Além disso, é um disco que não deve nada em termos de qualidade de produção a qualquer disco de banda gringa ou do mainstream. E não é a toa, afinal foi gravado no estúdio do Philipe Seabra (Plebe Rude), mixado e masterizado pelos irmãos Dreher. Enfim, só fera. Tem uma resolução sonora impressionante, com guitarras e cordas te envolvendo de uma forma absolutamente irresistível.

Desde ontem, quando soube que tava saindo, não consigo parar de ouvir. Gosto em especial das baladas, a começar por "Desatento", "Abre a janela", a faixa título "Os dias mais tranquilos".

E to viciado em "Todos logo ali", onde ele fala

"Pára de ranger os dentes
De frear a própria vida
Entra e fica em paz
Com a gente"



To ouvindo de novo aqui "Abre a janela" e pensando que é um daqueles discos que me causa uma "inveja branca", do tipo "queria ter feito essa música". Maravilhoso. Mas um dia a gente chega lá (eheh). Por hora me contento em ouvir e me deliciar em coisas como "Com leite e café", desde já uma das melhores do ano, e um clássico, com seu arranjo que começa acústico minimalista e vai num crescendo incrível. Fora a letra, de uma singeleza acachapante:

Com leite e café
(Beto Só e Ju)

Dorme agora
Esquece, me ouve:
a vida de antes ficou pra trás
Ontem e hoje, nunca mais

Espera amanhã
Tão logo, bem cedo
Vamos sair pra ver o sol
Sombras e nuvens, nunca mais



Vamos brindar com leite e café
Comemorar
Sentar ao balcão com gente de fé
Depois trabalhar

E se chover
Pode deixar
Deixa cair
Se é pra limpar

Enfim, um disco pra se curtir do começo ao fim, e que mostra mais uma vez que longe dos hypes vazios e das figurinhas carimbadas de sempre, existe sim vida inteligente e música de primeira categoria feita por gente de verdade nesse Braziú!